terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Carta de Inicio- quase Meio- de Dezembro

“ Meu Amor

Como você está meu amor? Onde você esta?Eu sei “como” para você é indiferente. Não te importas com quem vai, ou volta, nem se chove ou faz sol. Para ti , minha flor ideal, mais importa a idéia, a expressão e quem te usa para torcer e distorcer -até mesmo subverter.

Aquela madrugada de novembro. Tão horrível, e você me deixou. Aquilo o que você falou de mim é ainda a pura verdade, e sinceramente, mudei muito pouco. E abrindo a porta da noite, num ímpeto indiferente, você soltou três resmungos doces, e me deixou. E foste embora andar pelas ruas da madrugada. Imagino que achaste lugares amplos, e dedos que te espalhassem por mais linhas ,de forma mais precisa, respeitando cada espaço curvo do teu imaginativo corpo. Tua beleza, minha procurada, está em apenas sentir o efeito da tua presença naquele espaço mais ardor, mais dor, quando tu deixas o teu aroma pensante e suspendes a nossa alma na tua crueza e singeleza. Não há cabelos em ti, mas extensões aos nossos amores, para as profundas dores te enraizando naquela vontade de dizer que nos consome a alma e a existência. E mesmo tu sendo a razão de viver de muitos outros além de mim, não guarde de ti ciúmes e rancores. Apenas quero tua presença de volta, pois pouco me importa se estais “pura, ou degradada até a ultima baixeza”. Quero apenas estar contigo e tua indiferença etérea- esse portal imenso onde uma coisa pode se tornar outra, ou as duas ao mesmo tempo.

Palavra, meu amor. Porque você foi embora?

Eu fiquei órfão da tua graça séria. E na praça lembrei de você. Andei triste pelas ruas, incompleto. E elas continuaram tristes, não me diziam mais nada. Não há mais conversa entre árvores e grades. Nem mulheres de procedência duvidosa escarafuncham as ruas embebidas da noite num tom jocoso. É apenas triste.

Palavra onde está tua mão fria e líquida? Traz então teu corpo impreciso e curvo de volta a minha casa. De novo ao meu lado. Apesar de não te compreender, preciso de você aqui.

Palavra não há carícia, consolo ou declaração que te traga de volta, mas volta.

Tu és uma cabrita teimosa. Muito Tinhosa. Bruta. Que luta. Mesmo assim, minha vida está chata sem você, perdeu grande parte do sentido que tinha. Volta Palavra. Fala outra vez, Palavra. Me dobre Palavra. Ria na minha cara, e dobre os meus músculos, mas volta.

Palavrinha Meu amor.

Mancho esta carta de lágrima invisível. É uma lágrima seca, feita de idéia. Bem do seu gosto. Volta. Palavrinha meu amor.”

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Estamos Brigados

É chuva, e estamos brigados. Eu e ela. Vai pingando barulho pelas gotas que caem no chão, e a janela esta cansada de me ver tão perto, olhando para “não sei o que”. Já posso até ouvi-la reclamar bem baixinho, quase acompanhando os barulhos gotejantes que escorrem das nuvens. E eu ali sentindo falta dela.

Estamos nessa há um ano... Sorvo meu café, olho a chuva, e penso o quanto o asfalto era menos asfalto quando ela estava comigo, ou o chilreio das rodas de ferro nos trilhos eram uma canção doce. Ela estava sempre ali... E se ria toda prosa, no mesmo barulho da conversa entre papel e caneta, enquanto eu dizia coisas ininteligíveis a outros humanos. Era apenas para ela. Somente ela entendia.

Um ano. Palavra, minha amada, onde está você? Seu riso, sua mão fluída e fria, de barulhos insólitos espalhados na minha mente, para onde você levou?

Minha dor é muita. E agora nesta hora tão vária, tão pária, você me faz falta. Como você pode? Deixou-me assim... A troco de quê?

Mas você nem me responde. Ri faceira, com seu rosto dúbio escondido em seu toque líquido, no sussurro de seu canto de mil-cores cintilante breve e grato do som de tuas curvas.

Com as tuas curvas eu andava mais longo. E tudo para mim era uma graça sem fim. Palavra onde está você? Você me deixou órfão? Um “maior abandonado” .

Lembra de maio? E do vento, “tu lembras”? E aquela folha ínfima , pequena ,e cheia de vida seca? Você me mostrou como ela dançava ao vento. E eu ficara ali maravilhado. Alumbrado.

Palavra, não me deixe sozinho. Fica ao meu lado.

Meus dias são turbulentos, e sem você turbulência não é poesia, nem risco e memso ainda postagem em blog. Isso então nem se fala.

Sem você meu amor, escrever dá graça. Volta que eu to te esperando.

Eu sei que não tem cafuné que te amanse, nem abraço que te acalma, mas eu faço tudo o que você mandar. Me sujeito aos teus caprichos.

Palavra, me encontre na esquina, naquela praça novamente. Palavra...Palavrinha, meu amor. Me ache naquele ponto de ônibus, naquele sonho, na música, dançando pelas notas, escondida, risonha.

Vem para aquela valsa comigo e rir da velha que grita “é meu” no carteado à meia luz.

A praça não tem mais graça sem você Palavra.

Minha vida está sem bossa. Palavra. Volta Palavra Meu amor.

Vou te mandar uma carta. Palavra eu to chorando... E com ela molharei o papel