A praça é estranha e as árvores escuras, retocadas por fumaças de odores duvidosos e amaços fortuitos na sombra das mãos que se vão por folhas secas, que apodrecem na brisa fresca e noturna , num domingo findo de outono.
Cansado, um entregador exausto se entrega a uma pestana lisa e rápida. E entre o cansaço e o sono, seus olhos se entreabrem, enquanto o ouvido coça extremamente incomodo.
Um boçal falador elogia uma atriz de peso em seu programa de cadente, numa mentira laudatória, em louvor aos mil vazios de sua emissora besta. Seguido de aplausos intensos de quem entende patavinas do que ouve, mas o faz ao comando de sua voz pastosa e abobada, regada por ditos gastos pelo tempo
Ao fundo uma dupla escorre de bicicleta indo para qualquer lugar, com bonés xadrez a combinar, um levando o outros, de azul e branco.
Uma senhora num carro “pop” espera em tédio profundo suas batatas fritas que caminham ma bandeja pelos pés de alguém, lento e prestativo.
Casal não muito efusivo reclama da lata de refresco de cola , num romance enlatado e barato: ela , moça com cabelo descolorido, seios grandes, perfume barato e “micríssimo” jeans em bermuda (ou cinto). O boné é preto ,e virado para trás, numa atitude infantil e comum, duma marca ignorável e cara.
Tentei, num esforço hercúleo, ver o vídeo dito cômico, mas a frase sem graça e sem bossa do apresentador boçal expulsa minha minha parca atenção. Frase sem graça e arrastada, um insulto a minha graça...
Quatro numa mesa. Casais. Sabe-se lá o brinquedo frito, com molho, que pedem para comer.
E num gesto “holofótico” todos olham para a minha caneta que dança entre os meus dedos ao compasso das linhas, enquanto meu sorvete derrete gelando minha língua , que por dentro se ri disso tudo.
Vem mais uma dupla ciclística cruzando a rua, assim: num átimo. Dois, o de mochila vai na garupa.
O sódio derrete uma luz amarela, pelas folhas de uma amendoeira comprida feito guarda-sol fino. Mais a direita e ao fundo uma outra amendoeira se espreguiça pequena e estática, olhando os parcos carros que circulam. Mesas de metais e capas sintéticas se alimentam dos sons de uma televisão próxima.
A grade da estação, de pé branco e dorso azul, olha para frente e para trás , guardando a estação e fuxicando silenciosa da praça e seus conviveres para as árvores-que–não-sei-o-nome, numa conversa longa tediosa e supostamente divertida (no que diz a minha imaginação). Mas ninguém escuta, para sorte delas.
Crianças fogem de suas mesas ao som de suas mães , numa calçada regada de papel e guimbas de cigarros já frias.
Casais diversos se esfregam num dormente verde-ferroso, com uma dança estranha e buliçosa ao som dos beijos e das sombras dos postes sem luz sódica.
Meretrizes devidamente “desvestidas” soçorbram sassaricantes numa esquina ignorável , enquanto sorriem e brilham fedorentas e olorosas de perfume barato e rasgado, esperando mais um carro para engolirem o motorista e o seu dinheiro-de-tolo , tão suado e mal usado.
Ao som de luzes brancas e fluorescentes, quatro anciões bêbados de cigarro, cigarram e jogam cartas iluminando reclamações mil numa voz apagada pela praça