Tempo em trânsito. Rodas em fúria escavam lentamente o asfalto já gasto e mal-tratado da avenida radial. Hora de fúria, no cansaço ao motor ruidoso sono e impaciência se misturam nos salões coletivos das máquinas “transportantes” de pessoas. A hora aperta , todos querem voltar , e uma cheia súbita de coletivos, caminhões e carros , tomam as pistas radiais, em busca dos seus cem-mil-destinos. Soma-se tudo e o inverso da fluidez acontece, pois carros e carrocerias não são fluídos, por isso a s estradas se enforcam de rodas e motores, um congestionamento, digno de um infarto.
Infarto fulminante. O Som desse grito é ensurdecedor: milhões de buzinas e motores , em uníssono absurdo, cantam sua canção urbana e caótica. Para desespero de uns; cansaço de todos. Como um zunido mortal, esta musica “asfaltíca” se espalha insulta os ouvidos mais cansados e desapercebidos. Nunca na história urbana, uma enchente de carros e carrocerias chegou à tamanha sinfonia escabrosa.
Etéreo insulto se torna, perturbando a alma dos seus viventes, que estridente vai rasgando naturalmente os céus e nuvens mais ingênuos.
A enchente motorizada e metálica ganhou voz etérea e absurda. E em resposta o sobrenatural há de dizer...
(E a sinfonia escaldante segue , em glorioso espanto e terror, se, se importar com o porvir)
Então desce em invisível cavalgadura, um súbito cinza-silêncio sobre a urbes , que sorrateiramente vai cobrindo a cidade em sua caótica harmonia sinfônica. O entalar ensurdecedor de fluxo de veículos é tomado de um pavor silencioso , num mortal “calamento” de tudo. E a sombra extraordinária vai cobrindo molécula por molécula, toda a orgulhosa sinfonia ás avessas, que de espantados vão deixando os “urbanos conviventes” estupefatos de pavor calado e surdo.
O silêncio do céu desce calado e impetuoso, como resposta ao absurda ao caótico orgulho dos motores num zumbido de pavor e castigo.
Zumbido etéreo: misterioso silêncio que calou homens, máquinas e motores , em suas orgulhosas carruagens urbanas cuspidoras de fumaça e gritos “rodantes” sobre o asfalto quente da tarde que se esvai em silêncio repentino.
7 comentários:
Os seus textos também me agradam, professor.
(Posso chamá-lo assim? Ainda não sei se é mesmo professor, mas se for, terei de chamá-lo dessa maneira. Não consigo ver um professor sem tratá-lo com tal respeito)
Engraçado, o senhor diz que meus textos sao leves. Eu os considero bobos mesmo. Nem sei porque escrevo, me parece algo tão inútil!
Veja bem: Tenho apenas 15 anos, o que pode interessar a um adulto oisas escritas por uma pirralha?
Muuito bom o texto.
Beeijos ;*
Ola meu caro,
É incrivel como uma tarde pode ter tantos significados, seja eles sonoros, visuais ou sensoriais.
Sobre as cartas: ainda nao as iniciei (estou com falta de tempo), mas prometo q até esta semana as colocarei em execusão.
Sobre o comentário o questionamento da Nina "Tenho apenas 15 anos, o que pode interessar a um adulto oisas escritas por uma pirralha?"
A resposta é simple, aquilo q não encontramos em todos adultos: juventude e apreciação.
Ela tem grande potencial, acho q tu já reconheceu isso.
se cuida meu caro.
obrigado pela amizade!
Oi meu amigo. Ainda não escrevi a carta que haviamos combinado neh. Mas ando sem vontade de escrever e sem animo tb. Mas obrigado por passar lá no blog ok
Abração
você ficou 3 horas preso no transito? p/ escrever com tanta riqueza de detalhes assim! me lembra quando pego transito aqui em São Paulo! aff, é infernal!
beijo!
Professor, o senhor, de fato, me vê tranparente. São pessoas como o senhor que me fazem ter inspiração para escrever mais e mais, obrigada.
Sim, eu gostaria de participar desse projeto que estás planejando, em relação as cartas.
Cá está o e-mail que mais uso: nosliricos@gmail.com
Um abraço.
O nome do texto já me lembrou uma música do hermeto Pascl que ouvi anteontem com a Cris, cujo nome é "Suíte Paulistana". Formada com ruídos e zumbidos aleatórios de instrumentos, ela parece ser a versao musical do seu texto rs.
Por sinal dizer que ele é ótimo é quase redundância. O legal em você é o seu estilo, para mim, bem novo.
Forte abraço.
Inté!
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