segunda-feira, 14 de abril de 2008

Fim de prosa ( Parte III.. e a expectativa.. será que acaba? Nem eu sei...)

Olha que prosa mais formidável e estranha foi a ultima que nosso amigo passou. “Doidivânia” se foi, e vem uma senhora bem elegante já na curva do banco ,para esperar um ônibus. De coincidência ou não , é o mesmo que ele vai pegar amanha pela manhã. Mas que no caso de Domingo já noitinha iniciando, demora, e parece que nem chega às vezes , de tão demorado!

E voltava com um copo grande de açaí-gelado-roxo de colher na língua e gosto na mão, vai passando aquela gana medonha de fumar. Ficou só um pouquinho, parece que está se acalmando. Por que será? Acreditem, leitores e leitoras, ele vai descobrir ...

E Ao sentar-se , todo sorvente e roxo-frio, encontrou simpática senhora, com um rosto gasto de anos e coisas diversas de adversidades. Blusa simples saia simples, bolsa assim: à combinar.

Olhou para o moço sorvente, ela muito sorridente, perguntou do ônibus. “Hi! Acabou de passar. Demora”. Perguntou se incomodava uma prosa. Disse ele, com gosto de roxo-frio na mão , que não. Aceitaram-se ambos, embora idade. A noite de domingo já vinha e estava lá. Ele sozinho ela esperando. E aqui vai mais uma alfinetada ao pobre entediado de açaí-gelado-roxo na mão.

Ela dizia, que ônibus já demorou mais. Ele atento, ouviu de tudo. De conduções que tinham, mas não tinham. Do bonde. Dos trilhos. “meu pai trabalhava no Rio. Em Santa Tereza” E ela pequena , adolescente. Amigas . Mil situações.

“Masentão” uma lágrima. Nosso moço, coitado (eu ruim, nem nome lhe dei; não quis , por capricho, maldade e rebeldia) , ficou sem saber e gelado feito seu açaí-pela-metade, parou e ouviu tudo.

Pois então ai vai : “ Mas nessa idade moço. Eu era nova, muito bonita. Mocinha. Meu pai entrou num desespero tão grande. Naquele tempo, 1960 e poucos, mulher já trabalhava. Minha mãe trabalhava de atendente numa loja de granfino. Mas um dia ela fugiu. Nunca mais eu soube da minha mãe. Fiquei anos , muito tempo de pois, procurando paradeiro dela. Meu pai foi se afundando mais. Tentou trabalhar. Até conseguiu por uns anos. Porém a cachaça chamou ele mais alto. Era só eu de filha. Depois eu fui trabalhar, como caixa num supermercado grande. Trabalhei por lá por uns 5 anos. Eu já cansada de cuidar do meu pai. Ele morrendo. Quis fugir.

Ai eu conheci o pai dos meus filhos. Ele tinha um carro bonito. Era filho de um dos donos daquele supermercado. Nós queríamos fugir dali. Então numa madrugada silenciosa, nós fugimos. Viemos para cá. Nos escondemos. Agente foi ficando junto, não conhecíamos ninguém.

Achei que tivesse apaixonada. Geração paz e amor... Nem casei, mas continuei trabalhando. Fiz doce, lavei, passei. Costurei muito para muitos. Vieram os filhos, nós até brigávamos. Mas não muito. Ele cismou de trocar de carro. Era com um motor no coração, parecia ser movido à gasolina.

E trabalhava por um carro. E comprou. Veio um tempo de aperto. Meu trabalho não dava. Falei com ele. Ele dizia que era assim, que só tinha isso para oferecer. Um dia eu me cansei. Falei para ele que naquela noite ele tinha apenas uma opção pegar o seu carrão e sair dali. pois quem pagava a casa era eu. E ele foi , eu nunca mais o vi. Minha prima , bem mais novinha. Cansada da minha tia, me achou e veio morar aqui. Ajudava-me com os dois, enquanto eu estudava e trabalhava . ME formei. Passei me concurso. Trabalhei criei filhos. Nunca mais vi o pai deles. Minha prima casou. Ajudei com os filhos dela.

Vivi.

Meu ônibus!”

E assim o ônibus veio. Aquela senhora e sua vida sofrida e linda passou. Nosso amigo ficou lá , olhos cheios d’água , sem saber o que mais sorver. Dizem que misericórdia é você se ver nos olhos do sue oponente, ver sua gana pro mal, como sue “oponente”.

Ouviu. Viu que também era egoísta. E entendeu porque sua gana de fumar passara e também do imenso-tédio-de-teto-alto que sentia ali.

Levantou. Jogou o açaí fora. Limpou os olhos.

Se vai haver continuação disso ou não não sei. O importante é que alguma coisa nele mudou. Fui cruel, reconheço.

Mas foi divertido

8 comentários:

Éverton Vidal Azevedo disse...

Fim de prosa mesmo? A prosa sempre continua...
Ótimo texto brother, muito criativo.

Sobre cartas, beleza! Vou te mandar meu endereço pro teu email!

Digão disse...

Oi meu amigo, vlw pelo mega coment, rs adorei o seu texto
Quanto as cartas é uma história bem interessante, sempre gostei de escrevâ-las. Depois te passo o endereço, me manda um mail pra digao_69_@hotmail.com que eu te passo o meu endereço rs
Abração

Gabi Valença disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gabi Valença disse...

Caiooo!
Não canso de ver seus posts!
Amei!
E por favor... não dá um fim na prosa não!!!!

Anônimo disse...

Olá amigo,
peço desculpas pela minha ausência aqui! Estou meio desatualizado, seria alguns conflitos? talvez.
A vida nem sempre se desenvolve da forma q planejamos ( vc deve saber bem disso, pois és professor ). As vezes somos humanos e não conseguimos agir de forma mecanica ( me refiro ao excesso de atividade no dia a dia )
Bem, mas estou aqui!
gosto mto do seu blog, o considero criativo, educativo e literário.
Espero passar aqui com mais calma, sem essa correria!
ah, sobre a carta, vai ser uma otima corrente, estou dentro!
me envie seu endereço por email,
eduardoolive7@hotmail.com.

p.s. estou escrevendo em outro blog, nao sei até quando.

por quê?

mudanças, estava precisando dessa sensação que o novo nos propoem.
***Estou com novos interesses e ideias!

abraço!

e mais uma vez, desculpe-me a ausencia.

Anônimo disse...

Olá! nossa... quanta coisa dá para aprender no intervalo de um ônibus..

beijos!
obrigadinha pela visita!

*** Bisss *** disse...

Hahahahaha ,quando vi seu comment no meu blog vim correndo dar uma bizoíada por aqui.
Qual não foi minha surpresa quando vi que já bizoíava aqui a tempos,rs.Já tinha lido os outros posts mas minha suave mayguice me fez ficar levemente acanhada em dar pitaco ,rs.
Aqui é deliosamente divertido !
Bjs
Ubisss

Lucretia disse...

Caioooooooooooooo, valeu por acrescentar o blog no seu!Só agora consegui passar aqui, gomenasai...
Adorei esse texto "Fim de prosa"! Muito criativo, aliás vc sempre foi muito criativo em tudo que faz! Adorei a forma que escreveu, tem um que de prosa poetica. É uma forma muito bonita de se escrever um texto! AMEI!!!! Queria escrever assim ^_^

Beijos e sayonara