domingo, 16 de março de 2008

Descrições I ( a praça domingo a noite)

A tolice do ar condensava-se com a chuva que estava para cair estranha, como a voz rouca de um homem embriagado que cantava um sucesso dos anos oitenta num microfone próximo. E o barulho das molas rangendo no pula-pula barato onde algumas crianças brincam vai se juntando ao som de alguns adultos que conversam algo, e sempre sobre vida sentimental mal resolvida.

E o som confuso de um casal que discute e musicas furiosas e sem sentindo infundiam mais o ar débil daquela praça de domingo a noite. Homens, aos bandos ou de carro, gritam gracinhas obscenas aos trajes semi-nús das jovens que também em grupos, andam sem rumo sorrindo em sem sentido, estampando um batom barato de mais um domingo de festa . Uma festa sem um motivo real para comemorar. Uma festa de idiotas. Uma noite de tolos. E risos rápidos e baratos circulavam no ar junto com a fumaça de cigarros e carros, formando um turbilhão sem-sentido com a volúpia dos corpos que se abrasavam o ar.

Tudo era idiota, ingênuo, promíscuo, algumas vezes, indigesto e destrutivamente consumidor. E como gafanhotos que se acometem sobre plantas, pessoas se amontoam em praças , bares e karaokês para consumirem bebida, comida, ar e uns ao outros, sem se importar com o dia de amanha.

Amanhã é amanhã.

O amanhã não existe; o amanhã começa hoje... agora.. .aqui.

2 comentários:

Éverton Vidal disse...

Oi Caio!
Passei pra agradeço a sua visita ao meu blog e ver o que tinha por aqui. Gostei mano, vc escreve bem e diz o que pensa rs.

Infelizmente a maiora das pessoas nao estao preocupadas nem com o hoje, nem com o futuro, nem mesmo com o passado ou tempo algum. Vivem uma existência vazia e sem busca de sentido.

Isso é ruim. Por isso a sociedade está como está. Eu poderia até dizer como Cazuza... "meus heróis morreram..." mas nao foi de overdose, pois estes ao menos tentavam preencher o vazio existencial com alguma coisa (ainda que errada), os heróis pós-modernos morrem vazios sem sonhos, sem nada mais querer, portanto sem vida.
Abç.
Inté!

Éverton Vidal disse...

Ah mano, sou o Vidal do blog:

www.evvidal.blogspot.com